A leitura do livro “O advogado do Diabo”, de Morris West, há muitos anos, popularizou entre os leitores a figura do homem cuja função é encontrar e tornar público qualquer possível peça de convicção contra o candidato às honras da canonização.
Lembrei-me do fato quando do alvoroço pelo ultra-rápido processo do polonês Karol Wojtyla, que morreu em 2 de abril de 2005, após um pontificado de 27 anos. Na própria noite em que foi anunciada sua morte, a multidão presente na Praça de São Pedro pedia que ele fosse declarado santo imediatamente.
Talvez esse fato tenha levado à dispensa de algumas regras e tenham se iniciado as investigações sobre sua santidade. Não ouvi falar em advogado do diabo neste caso.
Há expectativa na comunidade católica de que o pontífice também percorra rapidamente o caminho para ser considerado santo. Quando se facilitou o caminho da canonização para os futuros santos, graças à reforma do Código de Direito Canônico de 1983, diminuíram os obstáculos e exigências para se chegar a santo, que se dão em três etapas: confirmação das "virtudes heroicas", beatificação e canonização. Para esta se necessita a comprovação de pelo menos dois milagres.
A rapidez com que está sendo concluído o processo de beatificação do papa João Paulo 2° é resultado da pressão do setor tradicionalista da Igreja Católica, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil. O vaticanista e escritor Giancarlo Zizola disse que a rapidez na conclusão do processo está sendo criticada até mesmo dentro da Igreja Católica.
"A ala conservadora tem interesse numa leitura triunfalista do papado de João Paulo 2°, para esconder a obra de seu pontificado atrás de uma auréola sagrada e assim torná-la indiscutível”, afirmou.
O que não se pode discutir no papado de Karol Wojtyla?
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