domingo, 29 de maio de 2011

Boas e más novas

Este recado é para meus alunos formandos dos cursos de Pedagogia e Turismo e para todos os graduandos do Brasil. Deu na Veja, na seção "Sobe e Desce": trabalhadores que concluíram o curso superior ganham 225% a mais do que os que não têm diploma. Parabéns!
Este outro é para minhas alunas formandas: o salário médio das mulheres brasileiras ainda é 20% menor que o dos homens. Ainda há um longo caminho a trilhar rumo à igualdade de gênero. Força, meninas!

O que representam 7 dias?

Publicitários nos surpreendem com peças criativas, cheias de inventividade. Algumas nos fazem rir, outras nos fazem chorar (a maioria nos faz comprar!!).
Veja no filminho como publicitários podem ser poetas. Nele, a relatividade do tempo está mostrada com imensa originalidade. Foi feito para marcar o lançamento da Época, revista semanal da Abril. Repare na sonoridade especial. Confira para ver se concorda comigo!

http://www.youtube.com/watch?v=KU7pUs2opis

sábado, 28 de maio de 2011

Em legítima defesa

Este texto foi escrito para participar de um concurso da Revista Piauí, da Ed. Abril. O desfio consiste em colocar a frase “_Não vou tolerar esse tipo de agressão, ainda mais levando em conta que meu tio é ventríloquo!” num texto, de modo que ela faça sentido!

O caso me pareceu, logo de cara, dificultoso. Não diria perdido, pois não sou homem de entregar os pontos. Mas salvar meu tio das garras daquela aventureira não seria fácil, constatei.
Devo admitir que a fulana era dotada de enorme graça e sensualidade, principalmente pelos olhos oblíquos e dissimulados, como teria escrito alguém mais talentoso que eu.
O pobre tio estava perdido, embasbacado, alucinado por um belíssimo par de pernas e um rosto de menina inocente que o olhava e sorria, sorria, sorria.
Longe de mim admitir que meus interesses de sobrinho único e herdeiro certo de sua extensa fortuna pudessem interferir em meu julgamento absolutamente imparcial da Messalina. Moviam-me interesses humanitários e familiares, de proteção ao rico tio, senil e apaixonado.
Por isso, tive que usar armas fortes. Minhas pesquisas científicas confirmaram minhas desconfianças iniciais de que o cabedal cultural da criatura de generosas coxas não era lá essas coisas. Descobri também, valendo-me de todos os meios, que a dona dos olhos enganadores tinha aversão a todo tipo de doença. Fatos vindos como herança de infância pobre, que não lhe haviam tirado a beleza de seios, redondos e empinados, a apontar o caminho da perdição para tantos.
Uma tarde, a bela se encontrava sob um caramanchão especialmente feito para ela por meu tio, ligado a cenas e palavras românticas do século XIX. Foi difícil olhar para o rosto de anjo, imaginando-lhe os quadris arredondados sob a saia curta. Mas tomei coragem e chamei-a de nomes horríveis, fiz-lhe acusações, expus meus receios e minhas certezas sobre o caráter maligno de sua cara de santa.
A um tanto desses despautérios ela ouviu em silêncio, mas sua paciência era pequena,  de modo que revidou em alto e bom som, chamando-me de interesseiro, porra louca, sangue ruim. Esperei até o nível perfeito de sua raiva e então joguei-lhe na cara de pele doce e aveludada as palavras salvadoras:
_Não vou tolerar esse tipo de agressão, ainda mais levando em conta que meu tio é ventríloquo!
Ao ouvir isso, a pequena entrou em pânico. Arrancou a roupa, desesperada, e ia sair assim despida pela rua, fugindo ao que imaginava ser terrível moléstia.
Tive que detê-la. Tive que abraçar seu corpo pequeno e bem feito para que não se desesperasse. Tive que beijar seus olhos oblíquos, a boca sedenta e os seios de mel. Derreti-me entre suas pernas altas, de coxas redondas e suaves ao toque. Ouvi sua voz de anjo, perdi-me para sempre no seu cheiro e no seu calor.
Meu tio ventríloquo nunca mais soube de nós. Arrumou outra namorada, desta vez uma rica senhora de numerosas prendas, dentre as quais a generosidade. Juntou sua fortuna à de meu tio e estão eles vivendo felizes enquanto Alzheimer não chega.
Nós também vivemos felizes, a santinha e eu. E não há dicionários em nossa casa.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Despedida

A pessoa que detém o título de segunda maior celebridade do mundo, integra a lista de bilionários da revista Forbes, tem fortuna estimada em 2,7 bilhões de dólares, é mulher e é negra.
Trata-se de Oprah Winfrey, a terceira mulher mais influente do mundo (atrás de Michele Obama e da empresária Irene Rosenfeld, mas à frente de nossa presidenta Dilma).
Depois de 25 anos fazendo o programa de audiência mundial, sem nunca ter faltado às 5000 apresentações, essa mulher que teve infância pobre e cheia de tragédias despede-se do show que levava seu nome e parte para administrar seu próprio canal de TV.
Que será um sucesso, com certeza!

Trio parada dura

Nosso velho conhecido, Paulo Maluf, modelo para muitos homens  públicos brasileiros, saiu em defesa do Palocci, de triste lembrança. Já achei que era demais para o meu coração, mas o melhor estava por vir. Eis a manchete do Estadão de hoje: "Orientada por Lula, Dilma reaparece e defende Palocci". Não há dúvida, o homem tem grandes e poderosos amigos!
Mas... voltando à manchete: esse trio aí já não deveria ter sido dispersado? Que saiam de cena o ex e o escandaloso e deixem a presidenta governar em paz!!

Aprendendo com quem sabe mais

Umuntu ngumuntu nagabantu - "Uma pessoa é uma pessoa por causa das outras pessoas". Ditado sul africano da tribo Ubuntu

A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz em Floripa (2006), apresentou o  caso de uma tribo na África chamada Ubuntu. Um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto. Sobrava muito tempo e ele propôs uma brincadeira que achou ser inofensiva para as crianças .
Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e colocou debaixo de uma árvore. Chamou as crianças e combinou: quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto. A que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.
As crianças se posicionaram na linha de saída, esperando o sinal combinado. Quando ele disse "Já!" instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.
O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo, ganhar muito mais doces. Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"
Ele ficou pasmo.Meses e meses estudando a tribo e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?
Ubuntu significa: Sou quem sou, por quem somos todos nós.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Terceira idade conectada

Matéria na Veja de 25 de maio revela que no Brasil está ocorrendo fenômeno que já é comum em outros países: madurões estão passando quase o mesmo tempo ligados à Internet que os bem mais jovens. Pesquisa feita em 170 países mostra que as diferentes idades estão conectadas com a mesma frequência a serviços como Skype, Facebook, Google e outras formas de se ligar a pessoas e fatos.
Não dá mesmo para ficar de fora. Quem trabalha não pode mais abrir mão dos recursos da tecnologia: professores como eu, tenham a idade que tiverem, colocam materiais de estudo, notas, faltas, recados on line, facilitando a própria vida e a dos alunos (e às vezes, quebrando a cabeça para aprender novos caminhos dentro de sites reconfigurados).
Seja por qual motivo for, estamos todos cada vez mais ligados aos serviços e às redes virtuais. Fazemos compras e pagamos contas, descobrimos amigos há muito tempo separados de nossos afetos, vivemos a era digital.
O que importa é viver. E se for possível, viver bem, com felicidade. Se não for ao vivo, que encontremos nossos amores on line. Daqui do computador mando recados a meu neto Gabriel, intercambiário em Quito, no Equador. E como eu, você também deve ter alguém querido e distante. A net encurta distâncias e aquece corações.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Privilégios

Deu na Folha: "Alheio a protestos pela moralidade pública, o Itamaraty anuncia que manterá a validade dos passaportes diplomáticos concedidos a familiares do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no apagar das luzes de seu governo".
Os documentos, que conferem a seus portadores tratamento especial em viagens internacionais, foram distribuídos a quatro filhos e três netos do então presidente.
Onde é que está escrito mesmo que "todos são iguais perante a lei, mas uns são mais iguais do que os outros"?
E aí? Vamos reclamar com quem? Com o bispo?

Concordâncias e preconceitos

Uma matéria na TV e alguns emails estão ressaltando o assunto de que se deve respeitar a língua falada pelo povo. Pelo tom das entrevistas e informações, parece que se vai jogar no lixo o padrão culto da língua e institucionalizar o uso do português popular ou registro coloquial da língua como norma para todas as ocasiões.
Na TV o assunto foi apresentado em rápidos flashes, como acontece sempre nesse veículo de comunicação, onde o tempo é precioso (e caro). Os temas acabam não sendo aprofundados e as pessoas ficam com informações incompletas.
Respaldada em teóricos respeitados, acredito, como professora, mais ou menos no que se segue.
- A língua pode ser um meio de subordinação dos que dominam a norma culta sobre aqueles que não a dominam por falta de oportunidades de acesso a ela, via escolarização.
_ A escola precisa respeitar e compreender o registro linguístico que as classes populares utilizam no dia a dia, resolvendo com ela seus inúmeros problemas e mantendo a socialização com seus iguais.
_ O registro popular da língua tem uma gramática própria, que não foi ainda devidamente sistematizada nem descrita pelos linguistas.O exemplo dado no programa de TV diz respeito a uma regra de concordância. O registro popular marca o plural apenas no artigo (Os menino corajoso foi).
Já a norma culta tem um plural redundante, ou seja, marca o plural em todos os elementos da frase (os meninos corajosos foram).
É bom lembrar que o inglês culto marca o plural apenas no substantivo, ficando artigos, pronomes, verbos e adjetivos, invariáveis (The dirty boys went to school, ao pé da letra: o meninos sujo foi à escola).
_ O papel da escola é apresentar à criança formas diferentes de falar o que ela já fala, ou seja, na escola aprende-se a norma culta do português porque é nessa modalidade que se é avaliado pela sociedade _ quando se presta um concurso, quando se apresenta para uma entrevista de emprego, quando se faz uma reivindicação junto a uma autoridade, etc
_ Em resumo, o jovem, ao entrar para a escola, já domina uma variedade do português (ele é competente falante de sua língua materna). Deverá sair da escola dominando duas modalidades e as usará nas ocasiões adequadas.
Fazendo uma analogia com o vestuário: não usamos roupa esporte numa solenidade (seria inadequado) nem vamos usar português popular numa sala de aula ou numa audiência com o juiz.
Da mesma forma, não vou usar paetês à beira da piscina nem  vou utilizar a norma culta da língua para dizer: _Por obséquio, passe-me a vasilha de arroz! Esse linguajar fica pernóstico numa situação informal.
 Como já falei, o assunto é extenso e sujeito a chuvas e trovoadas. Estou cada vez mais convencida de que não se deve julgar uma pessoa pela maneira como ela fala. Existem pessoas que falam "certo e bonito" e não dizem nada (ou nos enganam). Outras têm léxico e sintaxe deficitárias, mas passam mensagens contundentes.

Cida Bosschaerts


sábado, 14 de maio de 2011

O eterno Zorba

Estou repartindo com vocês momentos de pura emoção. Sou durona pra chorar, mas o segundo filminho me derreteu.
Reveja Anthony Quinn, em 1964, no filme "Zorba, o grego" com 49 anos (e uma  música imaginária).  Em 1999, com 84 anos, dançando Zorba acompanhado de um show de coro, orquestra e ele, é claro!
      
A dança original, em 1964: http://www.youtube.com/watch_popup?v=bXxJyIVz-98
Em 1999, com 84 anos: http://www.youtube.com/watch_popup?v=CKHlmb5xcq8

Confira. Emocione-se!

O humor é fundamental

Continuo recebendo, a título de degustação, a revista "Contigo". Mal agradecida que sou, não vou assiná-la, mas aproveito algumas informações que chegam por ela. Duas declarações de conhecidos humoristas nos levam a pensar. Marcelo Madureira declarou à Folha de S. Paulo, em 1º de maio: "Quando criamos o jornal Casseta Popular nos anos 70, fizemos uma lista de piadas sobre negros. Hoje não posso caçoar de aeromoça, garçon, enfermeira, porque há uma indústria do processo".
Como que completando a afirmação do colega, disse Marcelo Tas, também na Folha do mesmo dia: "O humorista é um agente de saúde, no sentido de lembrar que somos precários, imperfeitos. Mas as pessoas querem viver num mundo sem imperfeições". 
Os (bem) mais antigos já diziam "Ridendo castigat mores" (a sátira, rindo, corrige os costumes). A comédia exacerba alguma característica do satirizado, para que ela fique mais visível, mais facilmente compreendida e combatida, se for o caso. É pedagógica, portanto. Mas, pessoas há que preferem não ser compreendidas e julgadas. Daí a calar a boca dos humoristas é um passo!  

Prevaricar: sim ou não?

A resposta para a questão acima é...depende. Se você for o Antonio Fagundes, por exemplo, ao ser vítima de prevaricação, com certeza será recompensado. Com a Camila Pitanga nos braços, em "Insensato Coração" ou com o amor genuino da deslumbrante sem-terra Luana vivida por Patricia Pilar, em "O rei do gado", lembram-se?
Agora, se você for a ex dele, acautele-se. Seu destino pode ser atroz. No primeiro caso, cair nas mãos de um malandro violento (Oscar Magrini), como a Léia vivida por Silvia Pfeifer. Já a Vanda de Natalia do Vale,na atual novela das nove, foi condenada a viver de favor na casa da insuportável Tia Neném, interpretada magistralmente por Ana Lúcia Torre.
Novela pode ser assunto sério. Já dizem, há tempos, os grandes teóricos da educação que a formação de valores está sendo feita pelos meios de comunicação.

domingo, 8 de maio de 2011

Pressa

A leitura do livro “O advogado do Diabo”, de Morris West, há muitos anos, popularizou entre os leitores a figura do homem cuja função é encontrar e tornar público qualquer possível peça de convicção contra o candidato às honras da canonização.
Lembrei-me do fato quando do alvoroço pelo ultra-rápido processo do polonês Karol Wojtyla, que morreu em 2 de abril de 2005, após um pontificado de 27 anos. Na própria noite em que foi anunciada sua morte, a multidão presente na Praça de São Pedro pedia que ele fosse declarado santo imediatamente.
Talvez esse fato tenha levado à dispensa de algumas regras e tenham se iniciado as investigações sobre sua santidade. Não ouvi falar em advogado do diabo neste caso.
Há expectativa na comunidade católica de que o pontífice também percorra rapidamente o caminho para ser considerado santo. Quando se facilitou o caminho da canonização para os futuros santos, graças à reforma do Código de Direito Canônico de 1983, diminuíram os obstáculos e exigências para se chegar a santo, que se dão em três etapas: confirmação das "virtudes heroicas", beatificação e canonização. Para esta se necessita a comprovação de pelo menos dois milagres.
A rapidez com que está sendo concluído o processo de beatificação do papa João Paulo 2° é resultado da pressão do setor tradicionalista da Igreja Católica, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil. O vaticanista e escritor Giancarlo Zizola disse que a rapidez na conclusão do processo está sendo criticada até mesmo dentro da Igreja Católica.
"A ala conservadora tem interesse numa leitura triunfalista do papado de João Paulo 2°, para esconder a obra de seu pontificado atrás de uma auréola sagrada e assim torná-la indiscutível”, afirmou.
O que não se pode discutir no papado de Karol Wojtyla?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

União ou casamento?

Deu na primeira página do Estadão: "Supremo reconhece união estável entre homossexuais". O que antes só era conseguido na justiça, agora deverá ser automático: receber pensão alimentícia, ter direito à herança do companheiro, em caso de morte, ser considerado dependente nos planos de saúde. Esse pode ser o primeiro passo para que o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo seja reconhecido por lei.
Nem todo mundo aplaudiu. O arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta, declarou que não há equiparação entre essa união e o casamento.
Reverendíssimo,  não importa o nome que se dê ao fato. Hétero ou homossexuais, as pessoas que se amam querem é ficar juntas. E ser felizes. Só isso.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Tornar-se mãe (ou, falando de amor)

Quando nos tornamos mães, o mundo passa a ter uma dimensão diferente. O que antes parecia crucial perde a importância, o que era irrelevante adquire contornos de coisa essencial. A esperança é nossa companheira, o amor adquire concretude num papel que afirma que seremos mães.
Pena que a maternidade não venha acompanhada de uma sabedoria maior, de uma paciência mais elástica, de um “google” de plantão para as inúmeras dúvidas que nos assaltam. Ou aos nossos filhos.
Mães não são sacralizadas ao darem à luz. Continuam pessoas imperfeitas, inacabadas, em processo de amadurecimento e de sabedoria. Mães perdem a calma, a estribeira, a classe, o bom-humor. Mães se cansam, choram, ficam perplexas diante da gigantesca tarefa de orientar pessoas. Mães recebem, sem manual de instruções, bebês rosados, gorduchos e chorões nos braços aflitos. E delas se espera que tenham sempre a palavra certa, o grau exato de bom senso, de sabedoria, de saúde corporal, emocional e espiritual.
Nem sempre temos. Muitas vezes nossos próprios conflitos, mal resolvidos ou não resolvidos nos deixam cegas para o que está límpido e objetivo diante dos nossos olhos.
Toda essa fragilidade, no entanto, é compensada por uma grande capacidade de amar que acomete as mães, mal elas se sabem grávidas.
A tempestade hormonal que nos assola, o crescer meio desajeitado de nossos corpos, a pele esticada e manchada, a mudança de nosso eixo de equilíbrio, tudo é compensado pelo latejar imperceptível que percebemos em nosso ventre. Sabemos que uma vida é gestada dentro de nós, para nosso deleite e para nossa aflição.
A ciência pode mostrar passo a passo esse crescer, o ultrassom já visualiza contornos, gestos e expressões. Mas nada disso é necessário para quem agasalha uma vida em gestação. A cada dia os olhos do amor nos mostram carinhas e corpos já muito amados. A cada semana, sabemos que o fruto de nossas entranhas está maior, mais forte, melhor preparado para a vida aqui fora.
E então os recebemos. Ainda enrodilhados, de pele enrugada pelo contato com a água, chorando ao sentir os pulmões se abrindo para o ar da vida, sentindo o frio ou o calor do mundo aqui de fora. E o amor que os manteve crescendo saudáveis na barriga materna parece aumentar. Olhos de mãe que olham para o filho recém-nascido são transbordamentos de ternura, são cachoeiras de emoção.
E a partir daí é um exercício só de afeto, de superação de conflitos próprios e alheios, é acertar às vezes e errar muitíssimas outras, nessa aventura sem par de viver rodeada por filhos.
Minhas filhas e filho, filhos e filhas de meu filho e filhas, filhinhas amadas, filhas da filha de minha filha... tantas vezes quantas sou mãe, nesta lista de amores, amo vocês. Desajeitadamente, imperfeitamente, mas do tamanho exato do meu coração.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bin Laden

       O anúncio da morte de Osama Bin Laden é destaque na midia. Líderes do mundo todo comentam o fato, esperado por mais de dez anos. Nem paredes reforçadas, nem arame farpado impediram a chegada da tropa de elite à fortaleza onde ele se escondia. Agora, até exame de DNA vai ser feito, para comprovar que se trata realmente do terrorista tão procurado.
       Por seu turno, Obama, nos Estados Unidos, é aclamado herói. Desgraça para uns, motivo de euforia para outros. Há os que dizem que o mundo não ficará mais seguro, mesmo com a morte anunciada de Bin Laden. Hillary Clinton diz que a batalha contra o terror continua. Um sucessor já aponta no cenário, e a vida continua. Nunca sem sobressaltos, pois já dizia o poeta que "viver é perigoso".