Quando criança, acompanhando minha mãe a velórios de amigos ou parentes, interessava-me analisar o comportamento dos que ficavam. Eu reconhecia, nas pessoas, dores pungentes, mas silenciosas e dignas. Mas havia também dores escancaradas, explícitas, teatrais.
Lembrei-me desse fato ao ver, nos meios de comunicação a meu alcance, as imagens e palavras contundentes sobre a tragédia que se abateu sobre o Japão.
Dentre tudo que vi e li, uma legenda simples, estampada na revista "Veja" de 16 de março, parece resumir o grau de civilidade dos japoneses: "não houve registro de tumultos, saques nem de violência" (p. 81).
Uma maneira civilizada, dolorida e corajosa de manifestar a dor sem tamanho de sobreviver à "natureza em fúria", como o jornal "O Estado de São Paulo" chamou o episódio.
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