segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Tokkõtai

Eu estava acostumada a pensar nos pilotos-suicidas do Japão, os kamikazes, como voluntários imbuídos de enorme patriotismo, entregando, com alegria e honra, a vida pela Pátria.
A revista Piauí de outubro traz matéria que me fez mudar os conceitos antigos.
Os pilotos na verdade eram jovens universitários, escolhidos entre os melhores alunos. Cerca de 3 mil soldados-estudantes formavam, segundo a revista, "um grupo excepcional: cosmopolistas e cultos, dados a reflexões profundas, fruto do exigente currículo japonês".
Uma autora americana reuniu num livro (Kamicake Diaries: Refletions of Japonese Studente Soldiers) trechos de diários desses combatentes, mostrando a perplexidade, a angústia da espera, a saudades dos amores, em pungentes declarações. Seleciono algumas: "rezo para que chegue logo o dia em que não devamos matar inimigos que não conseguimos odiar". "Quanto tempo vou viver?". "A morte é imoral e viver é absolutamente moral"."Com os preparativos para a decolagem final, sinto um peso dentro de mim. Acho que não conseguirei olhar a morte na cara. Desespero, desespero  é pecado"
A idiotice das guerras foi ensinada a esses moços pela pedagogia mais perversa: pela perda da vida.

Um comentário:

cecilia disse...

Minha amiga, realmente a guerra é a pior das pedagogias...parabéns pelo artigo, adorei...